Diagnósticos crescem e escancaram a necessidade de planejamento governamental
O Censo Demográfico 2022, divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um dado inédito e impactante: mais de 2,4 milhões de brasileiros declararam ter diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). É a primeira vez que o levantamento inclui uma pergunta específica sobre o autismo, trazendo à tona um desafio social e político que o país ainda enfrenta com estrutura precária.
O dado reforça a necessidade urgente de criação, ampliação e execução de políticas públicas voltadas à inclusão, diagnóstico precoce, acesso à saúde e educação especializada.
Homens são maioria entre os diagnósticos
Segundo o IBGE, 67% das pessoas com TEA no Brasil são do sexo masculino. Essa distribuição está alinhada com estatísticas globais, que apontam uma prevalência maior do transtorno entre meninos. Apesar disso, especialistas alertam que há subnotificação entre mulheres, cujos sintomas costumam ser menos evidentes e, muitas vezes, confundidos com outras condições psicológicas ou comportamentais.
A diferença entre os gêneros também revela a importância de políticas públicas mais sensíveis ao diagnóstico feminino, muitas vezes negligenciado.
Falta de estrutura e investimento público
O número divulgado pelo Censo evidencia o que organizações da sociedade civil e movimentos sociais há anos vêm alertando: o Brasil não está preparado para atender essa demanda crescente. Faltam profissionais capacitados, centros de atendimento especializados e formação adequada para professores e educadores da rede pública.
Embora existam leis importantes, como a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012), que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, sua implementação é limitada em muitas regiões do país.
O papel do Estado e a urgência da inclusão
Com base nos novos dados do Censo, especialistas defendem que o Governo Federal, em parceria com estados e municípios, precisa revisar e ampliar os investimentos em diagnóstico precoce, terapias multidisciplinares e inclusão escolar.
A criação de centros de referência regionais, a capacitação de equipes médicas e pedagógicas e a ampliação do atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS) são ações consideradas urgentes.
Caminho para o futuro
Os 2,4 milhões de brasileiros com autismo representam não apenas um número, mas milhões de histórias que exigem dignidade, visibilidade e cuidado institucional. O Censo 2022 lança luz sobre uma realidade que não pode mais ser ignorada. O próximo passo é transformar os dados em ações concretas e políticas públicas eficazes — do diagnóstico à inclusão social plena.